Ballet de repertório: saiba o que é e como é feito!
Feche os olhos e pense nos mais famosos e consagrados espetáculos de ballet. Provavelmente, você se lembrou de apresentações como “O Lago dos Cisnes” ou “O Quebra-Nozes”, não é mesmo? Bom, há um motivo para isso.
É que os dois exemplos fazem parte de uma mesma categoria, o ballet de repertório. Mesmo que você nunca tenha ouvido falar no termo, com certeza sabe o que é ballet: um espetáculo que narra uma história e é dividida em atos. Mais do que nunca, a emoção e a expressividade dos bailarinos e bailarinas são decisivas.
Quer saber tudo sobre o que é ballet, inclusive o de repertório? É só seguir lendo este artigo!
Qual é a história do ballet?
Com surgimento no século XV, o ballet apareceu em um período conhecido como Renascença. Desenvolvida inicialmente na corte italiana, a dança progrediu nos anos seguintes, já no século XV, nas cortes francesas. A influência que esse país teve no movimento foi tanta que muitos dos seus termos técnicos têm origem no francês.
Durante o reinado do rei Luís XIV, grande admirador dessa arte, foi que o estilo de dança ganhou espaço nas cortes. Já na Europa Oriental, o ballet só foi introduzido no período que antecedeu a Primeira Guerra Mundial. A empresa russa Ballets Russes foi a responsável pelas apresentações da época, o que fez com que o estilo se popularizasse em uma escala mundial.
O que é o ballet de repertório?
Esse tipo de apresentação, que vem do francês ballet d’action, é um tipo de espetáculo caracterizado por apresentar uma história completa dentro dele, narrada por meio da dança e dos gestos. A estrutura é bastante semelhante à de uma peça teatral, com cenas, atos e uma narrativa com começo, meio e fim. A diferença, porém, é que no ballet nenhuma fala é proferida: tudo é dito com o corpo e expressões faciais.
Montados e encenados na glória artística do século XIX, os ballets de repertório nasceram na corte francesa do rei Luís V, ainda no século XVIII. O coreógrafo Jean George Noverre é considerado o criador da modalidade, pois foi ele quem resolveu revolucionar os tradicionais espetáculos, retirando máscaras e perucas, eliminando as longas declamações de poesia e investindo na fluidez e precisão dos movimentos do corpo para contar uma história com apelo dramático.
No entanto, se o ballet de repertório teve origem na França, foi a Rússia a pátria de seu renascimento. No ano de 1862, Marius Petipa, primeiro bailarino do Ballet Imperial Russo, cria o espetáculo “A Filha do Faraó”, com serpentes venenosas e múmias, e inicia a rica tradição russa de ballets de repertório.
Como é produzido?
A produção desse tipo de espetáculo se iniciou com especial força durante o período do Romantismo, no qual a tendência estética para o onírico, a emoção subjetiva e a catarse foi um ambiente favorável para que as grandes obras florescessem e viessem a público. Para contar a história proposta, o ballet de repertório lança mão de uma estrutura digna de peça teatral. Há cenários que ajudam a ambientar a plateia, os figurinos são uma obra de arte à parte e o número de bailarinos e bailarinas é considerável.
Isso porque há solistas, ou seja, artistas que se destacam como protagonistas no espetáculo, e um poderoso corpo de baile executando coreografias em conjunto, que precisam ser impecavelmente sincronizadas. Com música, dança e mímica, as emoções são transmitidas e as sensações são provocadas no público.
Essa estrutura, no geral, gira em torno de uma forma relativamente fixa. O Grand Pas de Deux, por exemplo, consiste em cinco movimentos: uma introdução, um adágio, duas variações (uma para cada um do casal de bailarinos) e o coda (a conclusão). Outras formas de organizar o ballet de repertório também são possíveis.
Apesar disso, deve-se pesquisar muito quando se pretende conhecer verdadeiramente as peças, pois, muitas vezes, houve algum tipo de adaptação em relação ao original. O que se recomenda é ver o maior número de apresentações possíveis, das boas companhias de dança principalmente, a fim de que se possa identificar as variantes das características permanentes entre as apresentações.
O ideal é sempre usar como referência aquelas performances executadas à risca, montadas com fidelidade em relação aos originais. Na hora da montagem, qualquer alteração deve ser justificada, pois as peças são verdadeiros patrimônios culturais da Humanidade.
Quais são os mais famosos ballets da categoria?
São muitos os ballets de repertório memoráveis, mas “O Lago dos Cisnes” e o “Quebra-Nozes” são, provavelmente, os dois de maior projeção. Ambos foram compostos pelo russo Tchaikovsky — enquanto o primeiro é uma performance dramática em quatro atos, que recebeu uma infinidade de versões, o segundo é reencenado à exaustão, especialmente na época de Natal.
O Lago dos Cisnes, por incrível que pareça, foi um grande fracasso de público e crítica em sua primeira montagem. Isso porque, segundo consta, a primeira bailarina realizou muitas interferências na coreografia e terminou por descaracterizar a peça. Ela só obteve sucesso após uma segunda montagem, em 1985, com uma nova coreografia de Petipa e Ivanov. A história, até hoje, é umas das mais reconhecidas pelo público.
O Quebra-Nozes, por sua vez, é um clássico para todas as idades. O enredo associa a magia do Natal com uma narrativa recheada de elementos fantásticos e lúdicos, sem deixar de lado a qualidade técnica da coreografia e da música — segundo a crítica, ambas estão no casamento mais perfeito nessa peça.
Apesar das dificuldades técnicas, o Quebra-Nozes é um dos repertórios mais apresentados e de maior sucesso em terras brasileiras. Também foi coreografada por Ivanov e Petipa, sendo que um assumiu a criação da dança após o outro ter perdido o interesse pelo caráter essencialmente infantil da montagem.
“Dom Quixote”, criado por Petipa, é outro espetáculo imortalizado. Baseada em alguns episódios do romance de mesmo nome, criado por Miguel de Cervantes, essa peça é carregada de sensualidade e drama, o que a torna uma forma de medir a qualidade dos bailarinos.
A história é carregada de romances, reviravoltas e desilusões, algo que surpreendeu as primeiras plateias. O ritmo mais solto também foi algo peculiar para a época. Isso prova a genialidade de Petipa, pois ele conseguiu criar a beleza sem se prender tão fortemente aos padrões.
Existem várias outras obras que merecem destaque e compõem o cânone do ballet de repertório: “A Bela Adormecida” e “A Bela e a Fera” são clássicos que até ganharam o mundo da sétima arte há tempos — e grande parte desse glamour se deve às encenações originais. “Giselle”, ballet romântico em dois atos, apresentado originalmente pela Ópera Nacional de Paris, em 1840, é considerado um dos ballets de repertório mais desafiadores por conta do jogo entre o mundo físico e espiritual da trama.
Quais são os outros tipos mais famosos de ballet?
Desde o surgimento da dança, seus passos seguiram evoluindo e foram divididos em alguns tipos diferentes de ballet que são bastante populares nos dias de hoje. A seguir, você conhece alguns deles.
Ballet romântico
Considerado como o estilo de ballet mais antigo do mundo, ganhou popularidade na Europa na primeira metade do século XIV — mesma época em que o movimento literário romântico se consolidou na mesma região. Antes desse estilo, as pessoas costumavam não gostar muito da dança, pois ela se afastava muito da realidade. Somente depois da sua aproximação com a leitura, a sociedade passou a se interessar mais por ela.
O ballet romântico é marcado por personagens femininas mais frágeis, apaixonadas e graciosas, que se expressam por meio de movimentos muito delicados. Há um clima meio mágico nessa dança, por conta da sua aproximação com a literatura. Uma das características marcantes desse estilo é em relação ao figurino, já que o tutu utilizado é uma saia mais longa e fluida.
Ballet clássico
Dentre todos os tipos de ballet, é o mais conhecido e ensinado. Nele, são utilizadas técnicas tradicionais e os métodos de ensino podem variar de acordo com a escola. Os mais comuns são os utilizados nas escolas inglesas e no ballet russo, no qual o aprendizado é dividido em níveis de acordo com a habilidade de cada estudante.
Nesse estilo, as sequências de passos, movimentos e giros complicados são tão comuns que podem demorar bastante tempo para serem decorados, até que o aluno chegue à perfeição da execução de cada um deles. O tutu utilizado no ballet clássico é o bandeja, que deixa as pernas da bailarina à mostra para que os espectadores possam ver a execução dos passos complexos.
Ballet contemporâneo
Surgida nos Estados Unidos na década de 60, essa modalidade de ballet nasceu do segmento da dança moderna. Não tem uma técnica única e todos os tipos de pessoas pode praticá-la, inclusive os homens. No ballet contemporâneo o que importa é a transmissão de sentimentos, conceitos e ideias acima de passos complicados e difíceis de serem executados.
Ballet fitness
Novidade nas academias de dança, essa modalidade mistura passos de ballet clássico com movimentos de ginástica, como flexões e agachamentos. A mistura potencializa ainda mais o exercício físico e ajuda quem a pratica a ter mais alongamento, uma melhor postura e ainda a ganhar tônus muscular.
As sequências podem incluir exercícios de ballet clássico feitos na barra, o que leva o participante a ter uma boa queima calórica. O que tem atraído um público fiel são as músicas animadas tocadas durante as aulas, que as ajudam a ser mais dinâmicas.
Agora que você sabe com mais profundidade o que é ballet, ficou ainda mais encantado com todo esse universo, não é mesmo? Temos certeza de que você ainda estrelará um e sentirá o gostinho de reencenar algum dos clássicos mais aclamados de todos os tempos!
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